Narrow Search

Displaying results 1 to 2 of 2.

  1. Gêneros em guerra: crítica feminista em "Die Liebhaberinnen", de Elfriede Jelinek
    Published: 23.04.2021

    O foco do presente artigo é a análise do romance "Die Liebhaberinnen" ("As amantes", 1975), de Elfriede Jelinek. Com vasta obra que transita por diversos gêneros (poesia, romances, ensaios, peças teatrais, libretos), a escritora austríaca ainda é... more

     

    O foco do presente artigo é a análise do romance "Die Liebhaberinnen" ("As amantes", 1975), de Elfriede Jelinek. Com vasta obra que transita por diversos gêneros (poesia, romances, ensaios, peças teatrais, libretos), a escritora austríaca ainda é pouco traduzida no Brasil. Contudo, a despeito disso, notamos uma presença signficativa de trabalhos acadêmicos sobre os escritos de Jelinek. Único prêmio Nobel austríaco (entre uma longa lista de outros prêmios literários), concedido a uma mulher, figurando dentre outras dezesseis agraciadas, a escritora segue execrada pela mídia. Parte da geração que adere ao 'Anti-Heimat Roman' (romance anti-pátria), sua veia ácida, a ironia com que costura as narrativas a faz compartilhar da herança literária de nomes como Karl Kraus e Thomas Bernhard. A obra em questão repete o formato encontrado em outros textos jelinekianos - a história descortina-se a partir de tensões. O plano crítico da narração denuncia a pequenez de existências que seguem insensíveis na direção de destinos previsíveis e que atendam às forças conservadoras e patriarcais. No projeto estético de Jelinek, a língua alemã é um elemento de transgressão, como na grafia de substantivos em letras minúsculas, o uso de aforismos e repetições. Em comunhão com essa língua que questiona o status de um narrador patriarcal, a voz que narra distancia-se do narrado, paira sobre o texto, fria e indiferente. Os personagens aproximam-se de tipos, joguetes sobre um tabuleiro determinista. Da leitura do romance, destacamos a estrutura binária sexista e generificada que perpassa toda a obra, resultando numa permanente disputa entre homens e mulheres, inimigos irredutíveis, cada qual vigilante por seu espaço doméstico e pela manutenção das vantagens inerentes a seus papéis sociais. Essa dicotomia problematiza questões que configuram o arcabouço de influências estéticas e ideológicas da autora, tais como o feminismo, o marxismo e os movimentos de 1968. Nesse sentido, acreditamos no potencial transgressor e demolidor que perpassa a obra, a ponto de configurar uma estética feminista própria. Gegenstandbereich des vorliegenden Artikels ist die Analyse des Romans "Die Liebhaberinnen" von Elfriede Jelinek (1975). Trotz ihres umfangreichen Werkes verschiedener Genres (Gedichte, Romane, Essays, Theaterstücke und Libretti) ist die österreichische Schriftstellerin in Brasilien kaum übersetzt. Dessen ungeachtet ist die signifikante Existenz von akademischen Arbeiten über die Schriften von Jelinek auffallend. Als einzige österreichische Nobelpreisträgerin für Literatur, unter den nur 16 Nobelpreisträgerinnen weltweit, wird sie von den Medien geschasst (trotz einer langen Liste anderer Literaturauszeichnungen). Als Teil der Generation, die das Genre der "Anti-Heimat-Literatur" vertritt, mit ihrer säuerlichen Art, der Ironie, mit der sie die Erzählungen verbindet, teilt sie das literarische Erbe von Namen wie Karl Kraus und Thomas Bernhard. Das betrachtete Werk wiederholt das Format anderer Jelinek-Texte - die Geschichte entfaltet sich aus Spannungen. Die kritische Zielsetzung der Erzählung prangert die kleinen Existenzen an, die gegenüber vorhersehbaren Schicksalen unempfindlich bleiben und konservativen und patriarchalischen Kräften dienen. In Jelineks ästhetischem Projekt ist die deutsche Sprache ein Element der Übertragung, wie bei der Schreibweise von Substantiven in Kleinbuchstaben, der Verwendung von Aphorismen und Wiederholungen. In Verbindung mit dieser Sprache, die den Status eines patriarchalischen Erzählers in Frage stellt, distanziert sich die Stimme, die erzählt, von der Erzählung, schwebt kalt und gleichgültig über dem Text. Die Charaktere nähern sich Typen an, werden zu Spielfiguren auf einem deterministischen Brettspiel. Beim Lesen des Romans wird die sexistische binäre Struktur hervorgehoben, die die gesamte Arbeit durchdringt und zu einem permanenten Streit zwischen Männern und Frauen führt, irreduzible Feinde, die jeweils auf ihren häuslichen Raum achten und die Vorteile ihrer sozialen Rollen bewahren. Diese Dichotomie problematisiert Fragen, die den ästhetischen und ideologischen Rahmen der Autorin bestimmen, wie Feminismus, Marxismus und die Bewegungen von 1968. In diesem Sinne ergibt sich ein Potenzial der Grenzüberschreitung und der Demontage, welches die Arbeit durchdringt, bis hin zur Konfiguration einer eigenen feministischen Ästhetik.

     

    Export to reference management software
    Content information: free
    Source: CompaRe
    Language: Portuguese
    Media type: Article
    Format: Online
    DDC Categories: 830
    Subjects: Jelinek, Elfriede; Die Liebhaberinnen; Geschlechterverhältnis; Feminismus
    Rights:

    publikationen.ub.uni-frankfurt.de/home/index/help

    ;

    info:eu-repo/semantics/openAccess

  2. As muitas faces do exílio de um "Judeu sem Deus": a herança paterna de Sigmund Freud
    Published: 25.06.2021

    Em sua "Selbstdarstellung" (2011 [1924]), Sigmund Freud (1856-1939), ressalta as origens judaicas e, nessa linhagem, o êxodo que marca sua família: percurso que desemboca em Viena e, posteriormente, em Londres, estação final. As marcas do exílio nos... more

     

    Em sua "Selbstdarstellung" (2011 [1924]), Sigmund Freud (1856-1939), ressalta as origens judaicas e, nessa linhagem, o êxodo que marca sua família: percurso que desemboca em Viena e, posteriormente, em Londres, estação final. As marcas do exílio nos escritos freudianos reforçam o vínculo com o judaísmo, índice da herança paterna. O episódio do "gorro na lama", descrito na "Interpretação dos Sonhos" (2019 [1900]), como a humilhação do pai de Freud, Jakob, aos olhos da criança que aspirava a sonhos de grandeza, assim como o presente do Velho Testamento (DERRIDA 2001; YERUSHALMI 1992), abrem portas para outras questões centrais nas teorias freudianas. O pai, a "judeidade" (FUKS 2000), remetem às reflexões de Freud sobre religião, notadamente nas obras "Totem & Tabu" (2012 [1913]), "O Futuro de uma ilusão" (2014 [1927]), "Moisés e o Monoteísmo" (2018 [1939]). Dessas, o Moisés de Freud é o texto derradeiro, cujas raízes ligam-se ao povo judeu. Outros temas, como o anti-semitismo, as vantagens das "teses universalistas" da intelectualidade judaica, (SAID 2004), o isolamento e a resistência (GAY 1990) são igualmente importantes para os estudos psicanalíticos. Ser judeu é ser o Outro, e por isso, transitar pelo (des)território psicanalítico: da pulsão, da escuta das histéricas, da sexualidade infantil, da insistência da neurose, do valor do sonho. In his self-portrayal "Selbstdarstellung" (2011 [1924]), Sigmund Freud (1856-1939) underlines the Jewish origin and the exodus that characterizes his family: the road that leads to Vienna and later ends in London. The signs of exile in Freud's writings strengthen the connection to Judaism, an indication of the paternal inheritance. The episode "Cap in the Mud", described in "Interpretation of Dreams" (2019 [1900]) as the humiliation of Freud's father Jacob seen through the eyes of a child who aspired to dreams of greatness, as well as the gift of the Old Testament received from his father (DERRIDA 2001; YERUSHALMI 1992), both open doors to other central issues in Freudian theories. The father, as well as his Jewish condition (FUKS 2000), refer to Freud's reflections on religion, in particular in the works "Totem & Taboo" (2012 [1913]), "The Future of an Illusion" (2014 [1927]), and "Moses and Monotheism" (2018 [1939]). Of these, Freud's Moses is the last text whose roots are related to the Jewish people. Other themes, such as anti- Semitism, the advantages of the "universalist theses" of Jewish intellectuality, (SAID 2004), and isolation and resistance (GAY 1990), are equally important for psychoanalytic studies. To be a Jew means to be The Other and consequently to cross the psychoanalytic (unknown / non-)territory: the territory of the drive, of listening to hysterics, of children's sexuality, of the insistence on neurosis, of the value of dreams.

     

    Export to reference management software
    Content information: free
    Source: CompaRe
    Language: Portuguese
    Media type: Article
    Format: Online
    DDC Categories: 830
    Subjects: Freud, Sigmund; Psychoanalyse; Juden; Österreich; Vater
    Rights:

    creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/

    ;

    info:eu-repo/semantics/openAccess